Epitáfio

Por favor:

~ Quem já pensou em fazer jornalismo, levante a mão;
~ Quem já escreveu uma história e/ou artigo que não mostrou à ninguém, levante a mão;
~ Quem já mudou a escolha do curso superior mais de 2 vezes, levante a mão.

Quantas vezes você ergueu a mão? Se você não a levantou nenhuma vez, não há necessidade de terminar de ler o post.

Há alguns dias uma questão foi levantada em um post pessoal assinado por Andára: você escreveria por dinheiro? E a reflexão que isso me causou foi maior, e eu a explano aqui: você trabalharia em algo por toda sua vida apenas por dinheiro?

A pergunta é complexa e a reflexão longa. Talvez você obtenha uma resposta rápida e objetiva: sim, não, claro, nunca, talvez, depende.

“Mas é claro que sim!” Afinal todos ambicionamos conforto e estabilidade. Um belo apartamento, um carro novo, tecnologia de ponta, roupas, viagens... Alguém recusa? Então o que haveria de mal em trabalhar por isso?

“Mas é claro que não!” Porque você é uma pessoa com princípios, correto? Onde ficaria a sua moral? Nós temos objetivos, desejos, sonhos, pessoas para encontrar e coisas para construir, sendo assim, o dinheiro não é importante, afinal, ele apenas serve para comprar coisas que achamos que queremos, mas sequer precisamos.

Em minha opinião, essa teoria anti-consumista até funciona, mas apenas até o momento em que o carteiro lhe deixa a primeira conta, então a situação muda completamente. Vivemos em um sistema que nos impõe regras, e sinto muito, mas você não irá mudá-las. Um dia, meu caro amigo capitalista, mesmo livre deste consumismo fútil você terá que pagar o aluguel, carro, cartão de crédito, gás, água, luz e o telefone, e em dado momento a ética toma segundo plano e as prioridades são outras. A vida é feita de prioridades. É axiomático.

Eu vivo este dilema. Quantas pessoas sobrevivem de cinema? De arte? De cultura? Vale à pena estacionar em um emprego ficando barrigudo e careca, porém estável? Vocês vivem este dilema, meus pais viveram esse dilema, meus filhos o viverão também.

Por fim, completo o pensamento dizendo que acredito que pagar o aluguel escrevendo sobre economia asiática quando você gostaria de escrever sobre arte, música e cultura não define quem você é, quem você quer ser, o que você quer para você mesmo e não significa que você traiu seus pensamentos, sua moral e seus princípios. O exercício é não se deixar levar totalmente pelos problemas asiáticos e sempre ter em mente (de forma metódica) os seus objetivos e o seu foco, porque se você perseverar, em algum momento eles acontecerão.

Algo que eu aprendi com o pouco de experiência que tenho é que: as coisas sempre acontecem, mas nunca da forma que você espera.

O que você vai fazer?